Um jovem soldado, por uma ofensa, foi
condenado à pena de morte e a hora indicada para sua execução foi o momento do
toque de descanso.
Naturalmente tal morte teria sido
terrível na primavera da juventude; mas a morte desse desventurado jovem foi
duplamente terrível, porque ia logo casar-se com uma senhorita a quem amava
muito.
A jovem, que o amava tão ardentemente,
fez tudo quanto pôde para evitar sua morte; foi suplicar ao juiz e ainda foi
ver Cromwell, o grande general, rogando-lhes que anulassem a pena de morte, mas
tudo em vão. Em sua desesperada condição procurou persuadir e subornar o
sineiro para que não desse o toque de descanso, mas isto tão pouco teve êxito.
Aproximou-se a hora da execução e todos
os preparativos foram feitos. O oficial tomou o criminoso e o levou para o
lugar determinado, ficando à espera de que se fizesse o sinal pura o toque de
descanso.
Todos ficaram pasmados porque o sino não
soou; só um ser humano sabia o motivo daquilo. A pobre senhorita, meio louca de
desespero, pensando na terrível situação do noivo, havia subido à escada da
torre, até onde ficava o sino e se agarrou ao badalo com toda a sua força. O
sineiro estava no seu lugar à hora de costume, puxou a corda que pendia do sino
e este começou a bambolear.
A valente jovem agarrou-se com mais força
ao badalo e era sacudida juntamente com o sino. A cada movimento parecia-lhe
que iria ser atirada pela janela da torre. Toda vez que o sineiro puxava a
corda, a jovem ainda que naquela desesperada condição, mais se agarrava ao
badalo, mesmo que suas mãos estivessem doridas e sangrentas, e a sua força, se
esgotando. Por fim, o sineiro se foi, satisfeito de haver cumprido o seu dever.
Sendo velho e surdo não notou que o sino não havia tangido. A valente moça
desceu a escada, ferida e trêmula, e apressadamente foi do templo ao lugar da
execução.
O próprio Cromwell estava ali, e no
momento que ia mandar alguém saber o motivo do silêncio do sino, ela o viu, e
sua fronte, antes pálida e triste, brilhou com esperança e valor. Contou o que
havia feito e lhe mostrou suas mãos e faces ensanguentadas; embora desfalecida
pela profunda angústia, encheu-se-lhe o coração de piedade e uma luz
deslumbrou-lhe os olhos.
– Vá embora – exclamou
Cromwell –, o toque de descanso não soará esta noite.
Pensa você que este jovem, redimido da
condenação da lei pelo sacrifício do amor, consideraria difícil qualquer
serviço ou sacrifício que fizesse por quem o havia salvo de uma morte segura?
De nenhuma maneira; ele teria posto sua vida no altar do sacrifício por ela.
Escutai outra
história, de um amor mais glorioso. A cena se deu no Calvário:
Jesus, o filho de Deus, estava na cruz. A fronte, uma vez coroada com glória,
agora está coroada de espinhos; as mãos uma vez estendidas para feitos de amor,
de misericórdia, agora estão cravadas cruelmente na cruz. O coração, que uma
vez palpitava e se compadecia das tristezas da humanidade, está atravessado pela
lança que derramou seu precioso sangue. Oh! que triste momento na história do
mundo! Ele tremeu, as montanhas estremeceram, o sol se escondeu, a pobre
humanidade caiu na escuridão porque o Filho do Homem estava moribundo.
Escutai: "Está
consumado!" O grande plano da redenção, nascido no amor de Deus, agora
recebeu o último toque para cumpri-lo e Deus e o mundo se encontram
reconciliados.
Ó amigos! Isto foi por nós!
Correspondamos, não somente com nosso coração, e nossa vida, mas também com
tudo que temos para glorificar ao Filho e estender Seu reino de polo a polo.